Energia Elétrica: As novas possibilidades para os shoppings centers
Reconhecida como uma das fontes mais limpas para a geração de energia elétrica, o sol ainda não conquistou seu espaço na matriz energética mundial. Mas o potencial é grande: segundo pesquisa da Universidade Oxford, 20% da energia usada no mundo será solar até 2017. Em 2014, apenas 0,3% de toda a energia consumida no mundo era proveniente do Sol. E qual é a dificuldade? O custo para a captação é um dos principais empecilhos para essa fonte emplacar – pelo menos no Brasil. “O país já realizou três grandes leilões específicos para energia solar nos últimos dois anos. Mas essa ainda é uma alternativa cara”, explica Sérgio Ennes, diretor da Lumina Energia.
Segundo ele, o objetivo dos leilões é implantar uma indústria de equipamentos no Brasil que permita redução de custos. “A energia solar é o maior recurso renovável de que o país dispõe e deverá se constituir na área com maior crescimento nos próximos anos, devido à facilidade e à velocidade de implantação, comparada com outros modelos de geração”, avalia o especialista. “A geração hidroelétrica, a eólica e a biomassa são fontes a serem exploradas, mas a solar demonstra-se ser a mais promissora, não só no Brasil como no mundo”, completa. De acordo com o especialista, além de ser sustentável, a energia solar não gera ruído e se adapta ao layout dos shoppings, pois pode ser implantada em telhados e estacionamentos.
Está sobrando energia? Quando olhamos para o cenário de geração de energia elétrica no Brasil, ao contrário do que ocorreu no passado, agora temos disponibilidade de oferta. “O cenário energético mudou radicalmente no último ano no Brasil. No início de 2015 vivíamos uma situação de quase racionamento: a oferta não era suficiente para atender a demanda. E com isso tivemos uma redução de quase 3% no consumo de energia”, afirma Medeiros. “Além disso, foi um ano hidrológico favorável, que, junto com a redução do consumo, fez aumentar a oferta. Atualmente a situação é de excesso de oferta. Há um desequilíbrio, uma capacidade ociosa de geração no país”, completa.
“Com essa queda brutal do consumo, o Brasil está com uma estrutura confortável”, afirma Alexandre Moana, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Serviços e Conservação de Energia (Abesco). “O que aconteceu é que está sobrando energia. Isso porque tanto as pessoas físicas como as empresas diminuíram significativamente o consumo”, diz.
Mercado livre Quando o país passou por um período de quase racionamento no ano passado, o que se viu foi uma corrida tanto de pequenos como de médios consumidores por alternativas para economizar. “A busca crescente para gerar a própria energia passa primeiro pelo aspecto regulatório, e a Resolução 687 da Aneel abriu condições para a geração de energia distribuída pelos consumidores. Além dos crescentes aumentos da tarifa ao longo dos últimos anos, o cliente gerando seu próprio insumo tem sob controle todo o aspecto de custos de operação. Sem contar também a segurança energética, mitigando fatores externos de escassez”, afirma Miranda Filho, da CPFL.
Nessa busca, o mercado livre de energia ganhou espaço. “É um momento muito oportuno para avaliar a migração para o mercado livre de energia, pois quando houver retomada do crescimento os preços serão pressionados pela falta de investimentos na ampliação da oferta”, avalia Ennes, da Lumina. Ele explica que, se o Brasil estivesse crescendo, haveria maiores problemas no atendimento de energia. “Em um cenário de demanda maior que a oferta, teríamos de despachar insumo oriundo de térmicas, o que refletiria em repasse do custo na tarifa, já que essa energia é mais cara”, afirma. Segundo ele, o Ambiente de Contratação Livre de Energia Elétrica é a opção mais recomendada no momento. “Desse modo, o shopping pode contratar energia a longo prazo (acima de cinco anos) a um preço de acordo com o planejamento, evitando surpresas de tarifas elevadas”, afirma.
Ao migrar para o mercado livre, as empresas aproveitam que os preços são menores do que aqueles do mercado regulado, afirma Medeiros, da Abraceel. Ele defende veementemente a migração dos shoppings para esse modelo. “É a melhor opção para os próximos quatro anos”, afirma. E não apenas para os shopping centers. A associação representa 67 empresas responsáveis por 98% dos contratos negociados no âmbito do mercado livre, que provêm a energia para mais de 1.800 consumidores, e defende a migração no âmbito da pessoa física. A entidade encaminhou no fim de março uma proposta à Aneel para evitar gastos aos consumidores que entraram com o processo de migração ao mercado livre de energia no Brasil. Segundo a associação, há atrasos no processo de migração. Hoje existem cerca de mil empresas nessa fase, e o atraso para concluir a adesão ao mercado livre no prazo previsto pela regulação, de seis meses, tem afetado mais de 20% dos casos. Com isso, os consumidores nessa situação correm o risco de ter de assumir duas faturas simultâneas, da comercializadora e da distribuidora. “Essa forma de energia deve beneficiar o consumidor. É preciso pressionar o governo para permitir que qualquer pessoa ou empresa possa ir para o mercado livre”, afirma Medeiros. Essa proposta consta no Projeto de Lei 1917/2015, que tramita na Câmara dos Deputados e permite ao consumidor definir onde ele quer comprar energia elétrica.
Ar-condicionado A refrigeração de um shopping é, de longe, o que gera mais custo de energia: representa de 50% a 60% do consumo total, segundo Ennes, da Lumina. Não à toa, atentar para esse sistema é ponto essencial para gerar economia. “O sistema de ar-condicionado, por trabalhar com força motriz, sempre será o maior consumidor de energia em um shopping center, porém já existem sistemas que atendem requisitos globais de alta performance e que dentro de um projeto bem elaborado economizam até 40% de energia se comparados com equipamentos que têm mais de 20 anos”, explica o engenheiro Fábio Moacir Korndoerfer, diretor comercial da Recomservice.
“A economia de energia começa com um projeto bem executado. Depois, na construção feita conforme projeto, com os ajustes que sempre são necessários, e, por último, na operação do sistema, que é onde estão os maiores custos e oportunidades de economia de energia”, analisa. Nessa seara, tecnologias como chillers do tipo parafuso e centrífugo com velocidade variável, inversores de frequência em motores de bombas, torres e fan coils e um sistema de automação bem projetado ajudam a economizar.
“Nos últimos 20 anos, o que podemos citar como de maior avanço em termos de economia são as soluções de automação e os chillers com velocidade variável. A mudança na arquitetura e na engenharia voltadas a atender às necessidades de eficiência energética, vindas especialmente dos Estados Unidos, também colaboraram muito”, avalia.
Iluminação Quando o tema é economizar, o sistema de iluminação de um shopping também é foco. E muitas empresas têm investido no segmento. “Quando falamos em inovação e eficiência, podemos dizer que o LED é um produto que integra totalmente esse conceito, pois traz em sua composição elementos que preservam os padrões de iluminação conhecidos e utilizados há anos com um consumo de energia drasticamente inferior”, explica André Obst, gerente nacional de contas estratégicas do segmento retail da Current, powered by GE. “O LED chegou para quebrar a barreira da ineficiência das lâmpadas convencionais e hoje temos economias superiores a 80% quando comparamos um bulbo de LED com o incandescente, com equivalência muito próxima em fluxo luminoso”, analisa.
“A característica mais marcante quando comparado a sistemas de iluminação convencionais é a vida útil, que pode chegar a ser até cinco vezes superior, podendo operar por até 100 mil horas com perdas mínimas do nível de iluminação. Além disso, a tecnologia não emite raios infravermelhos (IV) nem ultravioleta (UV), que em aplicações comerciais podem manchar roupas, calçados e demais produtos expostos em vitrines por muito tempo”, afirma.
Segundo as empresas, a economia não é gerada apenas por meio da troca dos equipamentos tradicionais de iluminação por aqueles que geram mais economia: é preciso fazer um planejamento. “Primeiramente é preciso entender quais aspectos da iluminação atual têm causado algum tipo de insatisfação para o shopping, como excesso de consumo de energia ou mesmo alto índice de manutenção. A partir disso, é preciso estabelecer um plano de ação, que pode ser a atualização total ou parcial da iluminação, mas isso tem de ocorrer com critérios bem definidos, como características técnicas e premissas básicas para esse projeto”, alerta Obst, da GE.
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